Medicamentos termogênicos, bloqueadores de gordura ou queimadores de gordura tornaram-se uma verdadeira mania entre quem busca o corpo perfeito. As bulas asseguram que: “Reduz visivelmente a gordura corporal, garante definição muscular, evita o efeito sanfona, ajuda a manter o peso, acaba com a gordura localizada da barriga, tem efeito oxidante (jovem por mais tempo)”.
Pensar que nesses produtos se encontra a solução dos problemas com a balança e adotá-los como verdadeiros milagres, pode ser apenas ilusão. O médico, nutrólogo e terapeuta ortomolecular, José Humberto Gebrim define mais claramente o que são esses medicamentos: “Atuam inibindo a absorção de gordura pelo organismo. Veja que a ação é de diminuir a absorção da gordura pelo corpo humano e não queimá-las. Assim, associados a uma atividade física eficiente e à utilização de uma dieta saudável, perde-se peso. O uso deve ser estabelecido por um profissional de saúde, com a orientação do mesmo. Isoladamente não cumprem o que prometem, falamos de atividade física e orientação nutricional conjuntas”, alerta o médico.
São vários os bloqueadores de gordura comercializados nas farmácias, lojas de suplementos alimentares e internet. A facilidade está ao alcance de todos, mas deve-se atentar para os princípios ativos. Um deles é a efedrina (ativo que acelera o metabolismo, mas causa uma série de efeitos colaterais como taquicardia e pressão alta). Depois vem, a L-carnitina, também conhecida como Fat Burner, um aminoácido que aceleraria a queima de gordura, mas sua eficiência foi derrubada por muitos estudos. Os dois estão proibidos aqui no Brasil.
Outras substâncias estimulantes, como cafeína e taurina também prometem ajudar na perda de peso. A quitosana, que é uma fibra extraída da casca de crustáceos, faz a mesma promessa: impedir a absorção de gordura. Contudo, os nutricionistas ressaltam que o organismo não a absorve. Haveria crises de diarreia.
O Ácido Linoléico Conjugado, mais conhecido por CLA, parece ser o queridinho dos atletas e frequentadores assíduos de academias, interessados em adquirir o corpo perfeito. O produto, apesar de muito utilizado, não tem comprovação científica sobre sua eficiência. Os primeiros estudos associaram o CLA à redução de gordura do corpo, aumento do metabolismo e até ganho de massa muscular. Isso tudo apenas com a ingestão diária de 4 gramas em cápsulas.
O CLA agiria na enzima responsável por armazenar a gordura ingerida. Sob efeito do produto, esta enzima seria usada como a principal fonte de energia, em vez de estocar nas células e virar aqueles pneuzinhos indesejáveis. Só que a maioria dos estudos tiveram efeito positivo nos ratos. Os resultados no ser humano deixaram a desejar. “Além disso, ainda são testes pouco expressivos, feitos com amostras pequenas que não dão um caráter de comprovação científica”, acrescenta Heloísa Guarita, consultora em nutrição esportiva.
Como é nomeado de suplemento, pode dar a impressão de se tratar de algo natural e que não traria mal a saúde. A consultora Heloísa alerta que é preciso ter cuidado. Se a pessoa tomar uma dose acima de 2 gramas ao dia pode sentir náuseas. “Se a dosagem diária chegar a 6 gramas, pelo menos dez estudos apontaram para o risco de desenvolver resistência à insulina, o que, a longo prazo, poderia causar diabetes”, complementa.
Como as dúvidas são muitas e os possíveis efeitos colaterais também, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aprovou o pedido de registro de empresas interessadas em comercializar o CLA. É verdade que em certos casos, mesmo em não se tratando de atletas, a suplementação ou a complementação alimentar são indicadas e, em diversas situações de saúde, pode ser necessário lançar mão desses produtos. “Em todo caso, procure um médico, avalie as suas condições físicas e se optar por suplementos, receba uma opinião profissional, não a do seu amigo da academia ou a do balconista das lojas de suplementos”, ressalta Dr. Gebrim.
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